Quando o medo vira um problema?
- Psicº. Alan Müller

- 23 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de abr. de 2019

O medo é uma emoção humana que serve de alerta aos perigos inerentes às diversas situações ambientais. Ao perceber um perigo nosso corpo ativa uma reação química visando estimular um processo chamado habitualmente de luta ou fuga. Ou seja, ele se prepara para fugir daquela situação ou então para enfrentá-la. Neste sentido, é comum surgirem sintomas de taquicardia, sudorese, paralização, respiração ofegante, etc. Entretanto, a conscientização desta emoção, ou seja, o sentido que damos a ela, varia de acordo com a interpretação individualizada de cada ser humano. O que para uns é fator de medo, para outros pode ser uma aventura. Um exemplo? Esportes radicais. Para alguns pode ser uma experiência extremamente estimulante, para outros um verdadeiro martírio.
Ocorre pois, que temos perspectivas diferenciadas sobre um mesmo fenômeno, sempre pautadas no contexto que cada um vivencia. Destarte, é importante ressaltar que quanto mais uma experiência é repetida existe a tendência de tornar cada vez mais aquele evento familiar. Ou seja, uma pessoa que fora exposta a certas situações ao longo de sua vida terá se habituado a vivenciar aquilo. Logo, a reação frente à resposta fisiológica do medo pode ser interpretada como algo bom ou ruim, dependendo da perspectiva do observador.

Assim, quando o medo se torna um problema? Eu diria que quando ele passa a causar sofrimento ao indivíduo. Quando ele tem afetado drasticamente minha rotina ou impedido de realizar meus objetivos, e é claro, sempre respeitando os objetivos dos demais. Assim, quando um medo atua de forma recorrente em minha rotina talvez seja o momento de procurar ajuda profissional.
Nestes casos um psicólogo pode ser de grande valia, atuando de diversas formas. Dentre elas destaco a possibilidade de uma reflexão acerca dos pensamentos automáticos frente às situações fóbicas; a dessensibilização sistemática e inundação focando na criação de familiaridade com o objeto fóbico; e a análise existencial visando compreender e atualizar as perspectivas sobre situações, eventos e objetos que causam os sintomas do medo.
O medo, outrossim, pode fornecer segurança, bem como impulso para superar obstáculos ou para incentivar novas formas de ação diante de situações conflitantes. Como disse La Rochefoucauld, "O amor, assim como o fogo, não pode subsistir sem um movimento contínuo; e deixa de viver logo que deixa de esperar ou temer." Porém, em contrapartida, pode gerar paralização, afastamento social e isolamento, ou ainda, conduzir a um processo de depressão. Desta forma, fazer uma autoanálise é importante, refletindo sobre suas vivências e a imbricação destas na sua forma de se expressar no mundo. Na dúvida, procure ajuda.
Até mais!
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Autor: Alan é Psicólogo (CRP-12/15759), atuando com psicologia clínica na cidade de Brusque - SC; Além disto é Escritor, Mestrando em Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), graduado em Psicologia pela UNIFEBE, com ênfase em Prevenção e Promoção de Saúde, e graduado em História pela Universidade Paulista. Membro ativo do Laboratório de Fenomenologia e Subjetividade (LabFeno) da UFPR.




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